Amigos - Lula e Kadafi: negócios com empreiteiras e ajuda secreta para a campanha do ex-presidente (Ricardo Stuckert/PR)
A
imagem acima foi captada no encontro da Cúpula América do
Sul-África, que aconteceu na Venezuela em 2009. Lula era
presidente do Brasil pela segunda vez e o ditador Muamar Kadafi ainda
comandaria a Líbia por mais dois anos, antes de ser deposto,
capturado e executado. Não é uma cena protocolar, como se observa
no aperto de mão informal. A fotografia retrata dois líderes que se
diziam “irmãos”.
Durante 42 anos, Kadafi governou a Líbia
seguindo o protocolo dos tiranos. Coronel do Exército, ele liderou
um golpe em 1969. No poder, censurou a imprensa, reprimiu adversários
e impôs leis que permitiram punições coletivas, prisão perpétua,
tortura e morte a quem contrariasse o regime. Dinheiro líbio também
financiou grupos terroristas e movimentos políticos em vários
cantos do planeta. Entre os que receberam recursos da ditadura líbia
estavam, de acordo com o ex-ministro Antonio Palocci, o PT e seu
líder máximo, o ex-presidente Lula.
A
revelação de Palocci está contida na sua proposta de delação
entregue ao Ministério Público. Segundo ele, em 2002 Kadafi enviou
secretamente ao Brasil 1 milhão de dólares para financiar a
campanha eleitoral do então candidato Lula. Fundador do PT,
ex-prefeito de Ribeirão Preto, ex-ministro da Fazenda do
governo Lula e ex-chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, Palocci
esteve no centro das mais importantes decisões do partido nas
últimas duas décadas.
Condenado
a doze anos por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, há sete
meses ele negocia um acordo de delação premiada. Em troca de
redução de pena, compromete-se a contar detalhes de mais de uma
dezena de crimes dos quais participou. Um dos capítulos da
colaboração trata das relações financeiras entre Lula e o ditador
líbio — e tem potencial para fulminar o partido e o próprio
ex-presidente.